quarta-feira, 19 de julho de 2017

Des-pedida


Eu virei a cabeça pra ver você indo...
Queria ter essa imagem guardada na memória.
Não deu, você foi rápido demais.
Você foi e ainda continua aqui...
Tenho diálogos com você no decorrer dos dias.
Eu ainda te conto minhas novidades enquanto passo café. 
Mas, não tenho mais o cheiro do seu tabaco no meu apartamento.
Não tenho mais seu sorriso quando te contava algo bom.
E apenas imagino como as coisas estão por aí...
Meus dedos se lembram como era passar as mãos nos seus cabelos lisos cor de caramelo.
Minha boca se pega sozinha pensando na sua e como gostava quando elas se encontravam.
Meu peito aperta, mas não desaba. 
Ele prefere pensar que você apenas tirou férias de nós, mas que volta.
A cabeça lhe explica que não, e que é melhor assim, pois ela tem mais tempo pra ela. 
Mas, o peito teimoso que só, não acredita e se recusa a chorar...
As pernas, coitadas, ficam sem saber muito onde pisar. Se sentem bambas, e nostálgicas lembram de como era quando te viam passar.
Os braços parecem maiores e se colocam a ficar nos bolsos, que é pra não correr o risco de te procurar.
Os olhos já marejados se põem a descansar e, então, fechados te enxergam e fazem tudo parecer real. 
Falso eles são!
Mentem e na mentira revelam a verdade.
A verdade que custa e o preço é alto.
Ela que me afasta de ti 
e chega tão perto de mim.


quarta-feira, 12 de julho de 2017

Acontece às vezes

Sabe isso que acontece às vezes
Da gente gostar de alguém
Acorda sorrindo
E já no café senti saudade

Sabe isso que acontece às vezes
Da gente amar alguém
Acorda juntinho
E no café dividir a xícara

Sabe isso que acontece às vezes
Da gente ter que aguenta ver a pessoa ir embora
De não querer mais acorda junto com ninguém
E no café ter que volta por açúcar

Sabe isso que acontece às vezes
Que chama vida
Dialética interminável dos porcos espinhos
Que ou morrem de frio ou se se machucam

Sabe isso que acontece às vezes
Que deixa teu coração apertado
a cabeça dispersa, pernas cansadas
e os olhos marejados

Eu sei,
mas por vezes
e às vezes eu queria não ter que saber... 

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Vai tempo...

O tempo tem corrido na minha frente
Ele passa, acena e sorri
Quando vejo já estou ficando para trás...
Parece uma corrida que ele sempre ganha.
Eu aperto o passo, tomo fôlego
e quando acho que vou alcança-lo
ele dispara na minha frente de novo...

O tempo tem me feito de palhaça
Ele ri, dá uma bela gargalhada na minha cara
Estou sempre dizendo não ter tempo
e quando tenho acho que estou perdendo tempo

Uma vida em um minuto
Aquele do abrir e fechar os olhos
Do piscar, do olhar, do amar

O tempo tem me pregado peças
Tem me deixado sem tempo de ter um tempo
pra pensar no tempo que foi
que é
e que vai

Vai tempo...